Muito recentemente mudei-me para o Dubai, onde estou a exercer funções no como Higienista Oral e fui convidada, pelo colega e blogger Celso Da Costa, a partilhar as minhas primeiras impressões da cidade, bem como da mudança na vida profissional.
Morar para fora de Portugal, é sempre uma aventura. A verdade é que quando aceitamos o desafio sabemos que vamos ter de prescindir de alguns hábitos a que estamos acostumados. Seja qual for a mudança, é sempre preciso uma dose de coragem para sair da nossa zona de conforto.
Mas, começando por falar nesta cidade…
Dubai, é um dos Emirados dos Árabes Unidos, e se a cidade tivesse que ser definida numa só palavra, seria definitivamente Luxo!
Para já, posso dizer que me parece bastante segura, tem uma excelente qualidade de vida, remunerações acima da média e isentas de impostos e muitos outros benefícios associados à condição de expatriação, como seguro de saúde ou subsídios de alojamento.
Apesar de ter chegado numa altura em que o calor é tórrido e mal se consegue andar a caminhar na rua, dizem que o clima, no geral, é bom. A minha experiência de 40o graus para cima, num clima de calor húmido, foi penosa.
Dubai, é uma cidade cheia de inovação, de futuro e oportunidades. Muitos espaços culturais para se visitar, ilhas artificiais, praias e com inúmeras opções de entretenimento.
Dá a sensação, pelo que observo no meu dia-a-dia, que o grosso da população é estrangeira. Existe um ambiente multicultural, pois são muitos os expatriados pelo Dubai, muitas nacionalidades, estilos completamente distintos e muitas línguas diferentes. No entanto, consegue-se ainda encontrar muitos trabalhadores numa classe de vida média/baixa, oriundos da Índia, Paquistão, Bangladesh…
Embora a língua oficial seja árabe, o inglês sai vitorioso sendo o mais falado por cá. Tudo está sinalizado nas duas línguas pela cidade.
Sempre que falamos de um país árabe, o “ponto” liberdade, surge sempre como dúvida. Na verdade, o estilo de vida não é assim tão diferente, as leis não são assim tão restritivas. Enquanto mulher posso-me vestir como quero, posso conduzir e usufruir da minha liberdade, como uma ocidental. Mas esta liberdade deixa sempre margem para um respeito, como é logico à cultura local! Ou seja, vivemos o nosso estilo de vida ocidental ao lado de quem é local, em que existem sim roupas características e costumes diferentes dos nossos, como cobrir o cabelo, vestir abayas ou kanduras.
Por cá, o fim-de-semana é diferente, o dia de descanso semanal é a sexta-feira, reservado para os deveres religiosos do povo islâmico. Outro fato curioso sobre a religião, é que sete dias por semana e cinco vezes por dia, é possível ouvir-se o chamamento para rezar.
Falando na vida profissional, na carreira do Higienista Oral por cá…
Existe uma panóplia de clínicas dentárias e hospitais, o que me leva a crer que existe bastante facilidade de uma oportunidade na área da saúde oral, contudo, podem impor experiência profissional acima dos três anos.
Em termos burocráticos, há uma exigência feita pelo governo do Dubai: é a obtenção de uma licença chamada de DHA. Por norma, é um processo iniciado numa plataforma deles on-line, em que temos que apresentar vários documentos como diploma, certificados de experiência, ou outros documentos que eles considerem relevantes no processo. Posteriormente temos que realizar um exame prometric na área de higiene oral, para conseguirmos ter acesso à emissão da licença final.
Precisamos ainda de um visto de trabalhado, que é agilizado pela empresa ou pelo patrocinador.
Um dia de trabalho por cá pode começar cedo pelas 8H, dependendo do horário do profissional e da clínica, e pode ir o mais tardar até às 20H. Os pacientes são de inúmeras nacionalidades. Quando são locais/emiratis e não falam inglês, regra geral há sempre um acompanhante ou colega de trabalho que faz a tradução.
O conceito de equipa multidisciplinar está bem assente por cá, o que faz com que exista um trabalho conjunto entre todos os profissionais.
Existe uma grande preocupação de estética nos pacientes o que leva a uma grande procura de tratamentos como o branqueamento dentário. De uma forma geral, lida-se com uma população informada e desperta para as necessidades de prevenção na saúde oral.
É sempre difícil citar todos os pontos e impressões em poucas palavras sobre uma experiência diferente, contudo, espero que este pequeno testemunho ajude a quem pondere aventurar-se…
E para alguém que assim considere, diria que como qualquer mudança no início não é fácil, mas no mínimo há que observar a mais-valia que uma experiência internacional deixa na bagagem.
Obrigada pela oportunidade de partilha,
Angela Couto